Por Gonçalo Luiz Ribeiro
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ma metrópole litorânea aos pés de uma cadeia montanhosa, considerada um dos principais centros do país, dona de largo repertório cultural e noite fervilhante, e lar de povo diverso, hospitaleiro e ‘cabeça aberta’. Os mais apressados pensarão que estamos falando do Rio de Janeiro. Mas não. A cidade em questão é Cape Town – Cidade do Cabo – na África do Sul, principal ponto turístico do sul do continente.
Um dos destinos mais atraentes da África, Cape Town cresceu a partir da criação de um posto avançado holandês no Cabo da Boa Esperança na rota rumo às Índias e ganhou complexidade populacional e étnica devido à colonização europeia (holandeses e ingleses) e à importação de mão-de-obra de Madagascar e da Indonésia. Hoje, é a capital legislativa da África do Sul, um lugar de misturas e liberdade de expressão (onde é permitido, inclusive, o casamento gay).
A comparação entre Rio e Cidade do Cabo é inevitável e começa com as praias. Algumas de águas muito geladas como a extensa Long Beach e Clifton – a praia da moda, por onde desfilam as modelos e os mais badalados artistas locais ou estrangeiros. Outras, pela proximidade do Oceano Índico, com água mais quente e mais agradável ao banho. Um exemplo é a praia de Muizenberg, à leste do Cabo da Boa Esperança, extremo sul do continente africano.
Entretanto, mais do que para o banho, as praias da Cidade do Cabo trazem a experiência do convívio com os pinguins africanos, na reserva de Boulders Beach, e com as baleias na praia de Hermanus. Mas, dependendo da preferência do visitante, o contato com a natureza pode ser um tanto mais íntimo. Para tal, deve-se ir a Sandy Bay, uma praia (extra-oficial) de nudismo a 25 minutos de caminhada da rodovia mais próxima.
A comparação com o Rio de Janeiro ganha força de verdade na visita a Table Mountain (‘Montanha da Mesa’ em tradução livre), a principal montanha da cidade. Ela é assim chamada desde os primórdios da cidade em virtude de sua aparência plana e o turista pode “subir na mesa” de diversas formas. Para os mais bem dispostos, uma caminhada através das trilhas; para os radicais, escalada com descida de rapel; e para os mais conservadores, um passeio que soa familiar num moderno bondinho que gira 360° para oferecer todos os ângulos ao turista.
Entretanto, é preciso dar sorte com o tempo para que o passeio até Table Mountain seja perfeito. Não raro a montanha fica totalmente coberta pela neblina, produzindo o fenômeno que os locais chamam de “toalha de mesa”.
Outra atração natural imperdível é o Cabo da Boa Esperança, ponto inicial da cidade. Portanto, além de um local de grande beleza natural, o popular Cabo das Tormentas possui também importante significação histórica. O que se pode ver no Castelo da Boa Esperança – um museu montado dentro de uma antiga fortaleza batava com extenso acervo militar e que conta a história daquela região. Há de ser feita somente uma observação: ao contrário do que muitos (inclusive locais) dizem, não é no Cabo da Boa Esperança que os oceanos Atlântico e Índico se○ encontram, o que ocorre mais a leste no Cabo das Agulhas.
Para turistas que não querem se preocupar com condições climáticas ou que preferem o ar de metrópole, Cape Town também oferece excelentes opções, com destaque para os museus. São muitos espalhados pela cidade. Alguns imperdíveis, como é o caso do Museu do Distrito Seis, que traz a história de diversas famílias que foram segregadas naquele lugar durante o regime do Apartheid. Outro, mais exótico, é o Museu do Transplante, que leva o visitante a conhecer tudo sobre o primeiro transplante de coração da história, ocorrido na Cidade do Cabo em 1967.
Há, no entanto, um lugar que, embora não seja especificamente um museu, carrega consigo uma extraordinária carga histórica. Este é Robben Island, a ilha onde esteve preso por quase 20 anos o líder e ex-presidente Nelson Mandela. Uma visita ao local para tomar ciência de um largo período da vida desta figura histórica e de como eram as coisas durante o regime de segregação racial é tão indispensável quanto a ida ao Museu do Distrito Seis.
Mas Cape Town não vive somente de sua história. O presente também dá seu show nesta metrópole moderna, oferecendo bons programas também aos notívagos. O principal deles é um passeio pela Long Street, no centro da cidade, onde há intensa concentração de bares e restaurantes com música ao vivo e boates. Outra opção é o complexo turístico-comercial V&A Waterfront, no litoral, que oferece como grande atração um aquário gigante com baleias e pinguins, além de lojas e restaurantes.
E quando se senta à mesa, não se pode deixar de provar as samoosas, uma iguaria malaia semelhante a um croquete com massa de pastel recheada. Por ser uma região litorânea, há fartura de frutos do mar, preparados das mais variadas maneiras. Para acompanhá-los, um bom vinho. Cape Town produz vinho desde 1655 e até hoje impulsiona a África do Sul ao posto de oitavo produtor mundial da bebida. Na região encontra-se um tipo nativo de uva, a pinotage (um cruzamento da pinot noir com a cinsaut), que resulta num vinho concentrado e encorpado. A uva chenin blanc é outra que domina a produção local e da qual são feitos vinhos mais suaves e delicados. Há inclusive rotas turísticas que incluem a visitação das principais vinícolas da Cidade do Cabo, no Cabo das Tormentas, em Stellenbosch e em Constantia.
Ao final da viagem, os presentes para amigos e familiares estão nos shoppings de Canal Walk e Grand West. Lá, além de comprar, o visitante pode multiplicar ou torrar o seu dinheiro em cassinos. Em desejando souvenires, deve ir ao Green Market Square.
Aí sim, feito tudo isso, pode-se voltar para casa com a paz na consciência de quem aproveitou tudo o que podia da viagem a Cape Town esta autêntica ‘Cidade Maravilhosa’ na África do Sul.
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