As duas cidades têm em comum desde o código telefônico (021) até a relação com Vasco da Gama, que foi quem lá dobrou o cabo que dá nome ao lugar em 1497 e aqui virou time de futebol. O clima sem muitas chuvas – concentradas nos meses de outono e inverno – e o vasto leque de atrações são outras características que atrelam essas duas irmãs gêmeas separadas por um oceano de curiosidade mútua e algumas horas de vôo.
Para quem busca outras facetas, o lugar também tem seu lado mais moderno e animado. Andar pelas ruas da V&A Waterfront é como estar na Zona Sul do Rio, no encontro harmonioso entre clássico e contemporâneo. Assim também é visitar Green Point, bairro residencial com feirinha de artesanato que em muito lembra Santa Teresa. Até mesmo a velha Praça Onze se faz representada de forma bem mais trágica pelo District Six, bairro efervescente culturalmente que na década de sessenta foi transformado numa área exclusiva para brancos pelo regime do Apartheid.
Marcas do passado difícil também são traços em comum na história destes dois países. Em Robben Island, fica o presídio que por décadas foi o cativeiro de um dos homens mais importantes do século XX: Nelson Mandela. Como numa espécie de Ilha Grande da intolerância racial, ali muitos dos atuais líderes daquele país passaram por alguns dos momentos mais difíceis de suas vidas. É um lugar de reflexão sobre a superação de um povo.
As semelhanças não param por aí e formam um sem-número que só quem visita o lugar pode saber. Como no caso das vinícolas que orgulham a cidade pela excelência dos vinhos exclusivos e encantam o mundo tal qual os aguardentes brasileiros, para deleite dos turistas. Ou os pingüins que alegram Boulders Beach e vez por outra vêm dar um passeio pela orla carioca. O pôr-do-sol no Arpoador & Dolphin Beach que faz o povo parar para ver. Como duas irmãs separadas um dia, Rio de Janeiro e Cidade do Cabo precisam se conhecer mais para reconhecerem uma na outra as maravilhas que ambas possuem. (Rio de Janeiro, 27/8/2010)
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